Diabetes – morte e vida pela boca

O diabetes mellitus tornou-se uma das doenças mais comuns nos dias de hoje. Ao longo dos últimos 40  nos, o mundo industrializado testemunhou o número de casos de diabetes aumentar em cinco vezes.
Houve um grande crescimento no número de casos de diabetes tipo 2 em todo o mundo. Em 1985, era estimado haver 30 milhões de pessoas com diabetes. Em 1995, esse número já ultrapassava os 150 milhões. De acordo com as estatísticas da IDF (International Diabetes Federation), atualmente o número já supera os 250 milhões.
Estima-se que metade das pessoas com diabetes desconheça a própria condição. Em países em desenvolvimento, essa estimativa chega a 80%; A cada ano 7 milhões de pessoas desenvolvem diabetes; O diabetes é a quarta maior causa mundial de morte por doença; 10 a 20% das pessoas com diabetes morrem de falência renal; Em média, pessoas com diabetes tipo 2 têm sua expectativa diminuída em 5 a 10 anos em relação a pessoas sem diabetes, principalmente por causa de doenças cardiovasculares.
Muito embora o diabetes em si já seja um grande problema de saúde, seus efeitos colaterais são igualmente funestos. Por exemplo, um terço dos novos casos de doença renal em fase terminal deve-se ao diabetes. Quatro de cada cinco pacientes diabéticos morrerão – não do diabetes em si, mas de doenças cardiovasculares (ataques cardíacos, AVC’s ou doenças vasculares periféricas) provocadas por esse mal.
Você sabia que o diabetes é a principal causa de amputações e uma das principais causas de cegueira nos idosos?
O diabetes mellitus atingiu proporções epidêmicas.
Com mais de 90% dos casos sendo do diabetes tipo 2 (antigamente conhecido como diabetes de adultos), devemos considerar seriamente o que está havendo de errado! O diabetes tipo 1 costumava chamar-se diabetes juvenil. Essa variedade da doença manifesta-se usualmente em crianças, e resulta de um ataque auto-imune contra o pâncreas. Isso deixa a criança desprovida de insulina e, como resultado, ela precisa tomar insulina para sobreviver. Poderá tirar suas dúvidas sobre Doenças auto-imunes neste blog.
Concentrarei minha atenção neste capítulo ao diabetes mellitus tipo 2, pois é esse o tipo de diabetes que vem atingindo proporções epidêmicas. Por que houve um aumento tão grande no número de pessoas desenvolvendo essa doença? Há alguma maneira de você reduzir pessoalmente o risco de desenvolver diabetes? Sem dúvida.
O Que É a Resistência à Insulina?
Os ocidentais são fascinados por dietas com alto teor de carboidratos e baixo teor de gorduras, mas, na verdade, a maioria ingere uma dieta com alto teor de carboidratos e de gorduras. Ao longo dos anos essa dieta veio cobrando seu preço e, como resultado, muitos de nós se tornaram menos sensíveis à própria insulina. A insulina é basicamente um hormônio de armazenamento, e conduz o açúcar até as células onde esse será utilizado ou armazenado como gordura. O corpo deseja controlar os açúcares de nosso sangue.
Portanto, quando fica menos sensível a sua própria insulina, ele compensa isso fabricando mais insulina. Em outras palavras, nosso corpo reage ao aumento do nível de açúcares no sangue obrigando as células beta do pâncreas a produzirem mais insulina, como meio de controlar tais açúcares.
Indivíduos com resistência à insulina precisam, com o passar dos anos, de quantidades cada vez  maiores de insulina para manter normal seu nível de açúcar no sangue. Embora esses níveis elevados de insulina (hiperinsulinemia) sejam  eficazes para controlar o açúcar no sangue, eles também podem ocasionar sérios problemas de saúde.
Essa falta de sensibilidade a insulina se deve a falta de receptores de insulina nas células do corpo para a absorção da glicose pelo mesmo.
Logo a seguir está uma lista dos efeitos nocivos que os níveis elevados de insulina ocasionam.
. inflamação considerável das artérias, podendo causar ataque cardíaco ou AVC;
. pressão sanguínea elevada (hipertensão);
. nível elevado de triglicérides – a  outra gordura do sangue além do colesterol;
. redução do colesterol HDL;
. aumento do colesterol LDL;
. maior propensão a formar coágulos sanguíneos; e  . ganho de peso “descontrolado” – usualmente na zona média do corpo (a chamada obesidade central).
Quando combinados todos esses fatores, nosso risco de desenvolver doenças cardíacas aumenta vinte vezes. Considerando o fato de que as doenças cardíacas são as assassinas número um no mundo industrializado de hoje,  não podemos ignorar o aumento do risco de desenvolvê-las!
Depois que os pacientes têm a esses fatores por vários anos (talvez até de 10 a 20 anos), as células beta do pâncreas simplesmente se desgastam e não conseguem mais  produzir níveis tão altos de insulina. Nesse ponto, os níveis de insulina começam a cair e os açúcares no sangue começam a subir.
A princípio talvez ocorram apenas ligeiras elevações do açúcar no sangue, conhecidas como intolerância à glicose (ou diabetes pré-clínico). Milhões de pessoas se encontram nessa fase de intolerância à glicose. Então, se não ocorrer nenhuma mudança no estilo de vida, usualmente dentro de 2 anos sobrevém o diabetes mellitus plenamente desenvolvido.
O envelhecimento das artérias acelera-se agora ainda mais, conforme os açúcares no sangue começam a aumentar em ritmo sustentado.
Qual a Causa da Resistência à Insulina?
Diversas teorias sugerem razões para que tenhamos menos e menos sensibilidade à insulina com o  passar dos anos. Mas pesquisas recentes indicam que seja um resultado da dieta ocidental. Embora nos empenhemos muito em cortar o consumo de gorduras, nosso caso de amor com os carboidratos continua.
O que muitos não compreendem totalmente é que os carboidratos são apenas longas  cadeias de açúcar que o corpo absorve em ritmos variados. O pão branco, a farinha branca, as massas, o arroz e as batatas liberam açúcares na corrente sanguínea ainda mais rápido do que o açúcar doméstico. É por isso que todos dizem que tais alimentos têm alto índice glicêmico.
De outro lado, alimentos como vagens, couve-de-bruxelas, tomates, maçãs e laranjas liberam seus açúcares na corrente sanguínea muito mais lentamente, sendo considerados portanto alimentos de baixo índice glicêmico.
Os que tendem a consumir em demasia alimentos de alto índice glicêmico, que, por sua vez, fazem com que o nível de açúcares no sangue suba muito rapidamente e estimule a liberação de insulina.
Quando nosso açúcar sanguíneo cai, sentimos fome. Assim, fazemos um lanche ou uma refeição completa, e o processo tem início uma vez mais. Depois de certo tempo,  a liberação de insulina já foi super estimulada com tanta frequência que nosso corpo se torna simplesmente menos sensível a ela.
Para que o corpo controle os níveis de açúcar no sangue, o pâncreas deve produzir níveis maiores de insulina.
Especificando as Mudanças no Estilo de Vida
O que muitas pessoas não percebem é quão simples são as mudanças no estilo de vida necessárias a tratar do problema subjacente tanto do diabetes mellitus como da resistência à insulina.
Estamos falando de exercícios modestos, de comer sem elevar o nível de açúcar no sangue, de tomar  alguns suplementos nutricionais básicos para melhorar a sensibilidade pessoal à insulina e a reflexoterapia. Quando combinamos estes, os resultados são muito bons.
Vejamos cada um desses ingredientes em uma resposta bastante saudável à resistência à insulina.
Dieta
Segundo o Dr. Ray Strand, um número muito grande de médicos comete erros graves na dieta que recomenda a seus pacientes diabéticos. Como o maior risco para esses pacientes são as doenças cardiovasculares, a American Diabetes Association (Associação Americana de Diabetes) se preocupou antes de tudo com a quantidade de gordura presente na alimentação das pessoas. Portanto, a dieta que a ADA e muitos nutrólogos e nutricionistas defendem  tem alto teor de carboidratos e baixo teor de gorduras.
Os diabéticos seguiram religiosamente as recomendações da ADA pelos últimos 40 anos. Em meados da década de 1970, 80% dos diabéticos morriam de doenças cardiovasculares. E, conforme adentramos o novo milênio, 80% ainda morrem de tais doenças. Isso não deveria fazer com que reconsiderássemos nossa estratégia?
Quando compreendemos ser necessário tratar a resistência subjacente à insulina, admitimos que os carboidratos são o principal problema. Isso vai de encontro à  crença de certos nutrólogos e nutricionistas de que “carboidratos são carboidratos”, e a fonte não importa. Tal raciocínio ignora completamente o índice glicêmico (o ritmo em que o corpo absorve os diversos carboidratos e os converte em açúcares simples).
Numerosos estudos demonstram que certos carboidratos liberam seus açúcares mais rapidamente do que outros. Os carboidratos mais complexos (os que possuem muita fibra), como o feijão, couve-flor, couve-de-bruxelas e maçãs, liberam açúcar lentamente. Quando esses carboidratos de baixo nível glicêmico são combinados com boas proteínas e boas gorduras em uma refeição equilibrada, o nível de açúcar no sangue não se eleva. Isso é fundamental para controlar o diabetes.
Se o nível de açúcar no sangue não subir significativamente após uma refeição – um fator essencial para controle do diabetes, não haverá problema a corrigir pelo uso de drogas.
O dr. Walter C. Willett, diretor de  nutrição e medicina preventiva na Faculdade de Medicina de Harvard, sugeriu em seu livro Coma, Beba e Seja Saudável que devemos repensar a pirâmide alimentar recomendada pelo USDA. A base deveria ser composta por carboidratos de baixo nível glicêmico, enquanto os alimentos de alto nível glicêmico (pão branco, farinha branca, massas, arroz e batatas) deveriam pertencer ao topo da pirâmide, junto com os doces.
Todo mundo sabe como os doces fazem mal aos diabéticos. Mas poucos sabem que alimentos de alto nível glicêmico elevam o açúcar sanguíneo muito mais rápido do  que a ingestão de doces. Quando finalmente convenço meus pacientes diabéticos a consumir carboidratos de baixo nível glicêmico combinados com boas proteínas e boas gorduras, seu controle sobre o diabetes aumenta sensivelmente, e seus corpos se  tornam mais sensíveis à própria insulina.
Recomendações Alimentares
A seguir estão alguns bons carboidratos. gorduras e proteínas. Se você os combinar a cada refeição ou lanche seu açúcar no sangue não atingirá níveis perigosos que exijam controle.
As melhores proteínas e gorduras vêm de vegetais e óleos de origem vegetal. Abacates, óleo de oliva, nozes, feijão, soja e outros são grandes fontes de proteína e contêm gorduras que, na verdade, reduzem o colesterol.
Os melhores carboidratos vêm de  frutas e vegetais frescos. Evite todosos alimentos processados.
Maçã é melhor do que suco de maçã. Grãos inteiros são essenciais, e evitar grãos processados é fundamental ao desenvolvimento de uma dieta saudável para qualquer pessoa, especialmente os diabéticos.
Depois dessas, as melhores proteínas e gorduras vêm dos peixes. Peixes de água fria, como a cavala, o atum, o salmão e as sardinhas, contêm as gorduras ômega 3. Essas gorduras reduzem não somente os níveis do colesterol, como também a inflamação total de nosso corpo.
Em seguida, as melhores proteínas vêm das aves, pois a gordura dos pássaros é externa, não se entrelaçando com a carne. Embora se trate de gordura saturada, basta remover a pele da carne e você terá uma enxuta refeição com proteínas.
As piores gorduras e proteínas vêm obviamente das carnes vermelhas e dos produtos de laticínio. Se for para comer carne vermelha, coma  ao menos as fatias mais magras que puder.
Você deve evitar produtos de laticínio, exceto o queijo rural de baixa gordura e o leite. No caso dos ovos, tente encontrar ovos de galinha caipira, que contêm ácidos graxas ômega 3.
Entre as piores gorduras que você pode consumir estão os ácidos graxos trans. Eles são chamados de gorduras rançosas de tão nocivos que são ao organismo. Habitue-se a consultar rótulos, e sempre que vir qualquer coisa “parcialmente hidrogenada”, não compre. Normalmente, todos os produtos quebradiços e que fazem aquele barulhinho “crek” ao ser mordido ou quebrado possuem gordura trans.
Exercícios
Exercícios modestos trazem imensos benefícios à saúde. E são fundamentais sobretudo para pacientes com diabetes mellitus. Por quê? Estudos demonstram que os exercícios aumentam significativamente a sensibilidade dos pacientes à insulina, sendo, portanto, uma parte fundamental das mudanças de estilo de vida necessárias aos diabéticos e a outras pessoas com resistência à insulina.
O programa deve incluir uma combinação de exercícios aeróbios e de musculação, a serem praticados no mínimo três e no máximo cinco ou seis vezes por semana. É importante que as pessoas adotem um programa de exercícios que apreciem. Ninguém  precisa virar maratonista. Mesmo uma caminhada ritmada de trinta ou quarenta minutos, três vezes por semana, faz uma grande diferença.
Suplementos Nutricionais
Diversos estudos clínicos indicaram que indivíduos com diabetes pré-clínico ou má tolerância à glicose têm níveis significativamente elevados de estresse oxidativo. Muitas vezes essas mesmas pessoas têm sistemas de defesa antioxidante debilitados. Outros estudos revelaram que o estresse oxidativo  é mais significativo em pessoas com complicações secundárias do diabetes, como a retinopatia (dano causado pelo diabetes aos vasos  sanguíneos do fundo dos olhos, capaz de levar à cegueira) ou as doenças cardiovasculares. Os pesquisadores que realizaram  esses estudos concluíram que suplementos antioxidantes devem ser acrescentados aos tratamentos tradicionais de diabetes, como forma de ajudar a reduzir essas complicações.
Diversos estudos demonstraram que todos os antioxidantes são capazes de diminuir a resistência à insulina. É importante que os diabéticos tomem uma boa combinação de antioxidantes como suplementação. Em minhas pesquisas descobri diversos micronutrientes que costumam ser escassos em pacientes com diabetes pré-clínico e diabetes pleno:
cromo é fundamental para o metabolismo da glicose e a ação da insulina, mas estudos indicam que a população  tem deficiência desse mineral. Demonstrou-se que o cromo aumenta, em muito, a sensibilidade à insulina, especialmente em pessoas que o possuem em níveis deficientes.
vitamina E, além de melhorar  as defesas antioxidantes, parece também ajudar o corpo com o problema da resistência à insulina. Pesquisas revelam que níveis deficientes de vitamina E são um forte indício de desenvolvimento do diabetes de adultos. Indivíduos com níveis reduzidos de vitamina E têm um risco cinco vezes maior de desenvolver diabetes do que aqueles com níveis normais.
O déficit de magnésio foi associado ao diabetes tanto do tipo 1 como do tipo 2, bem como ao maior risco de retinopatia em pacientes diabéticos. Estudos demonstram  que, quando essa deficiência é corrigida nos idosos, o funcionamento da insulina melhora de forma considerável.
vanádio não é um mineral muito conhecido, mas é muito importante para os diabéticos. Demonstrou-se que ele aumenta significativamente a sensibilidade à insulina quando tomado em suplementação.
ácido alfalipóico  ajuda a regular o metabolismo dos açúcares, a reduzir a glicação das proteínas, a melhorar a microangiopatia e a regenerar bainhas de mielina.
Podemos ainda citar o iodo, o manganês, o zinco, o CoQ10 e ariboflavina para a melhora deste processo.
Reflexoterapia
Como nos artigos anteriores, e como sendo um dos objetivos deste blog, a terapia através da reflexologia tem auxiliado e dinamizado muitíssimo qualquer tratamento. E não poderia ser diferente no caso do diabetes mellitus.
Quando estimulado o que é de praxe, o Sistema Nervoso e o Sistema Glandular, que são dois conjuntos de plexos contendo cerca de 20 pontos, por si só o resultado é fantástico.
Entretanto, é importante um estímulo a mais no pâncreas e fígado para melhorar a produção elementos necessário à boa digestão. O fígado em especial tem uma participação importante na metabolização das vitaminas e síntese das proteínas.O estímulo do Sistema Digestórioespecialmente no intestino delgado intestino grosso, ricos em receptores de insulina, ajudará sem dúvida alguma na eliminação à resistência à insulina. E finalizando o processo o estímulo aoÍleo responsável pela produção do hormônio GLP1 que estimula o pâncreas a produzir mais insulina.
Ref.: Nutrientes e Terapêutica – José Gilberto Perez de Moura; O que o seu médico não sabe sobre medicina nutricional pode estar matando você – Ray D. Strand, M.D.; O Cérebro Desconhecido – Helion Póvoa

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