“Que o seu alimento seja seu remédio e o seu remédio seja o seu alimento”

É fascinante quando a compreensão sobre o corpo nos permite viver melhor fisiologicamente. Significa otimizar seus recursos para obter o máximo da sua própria energia, com mínimos sintomas ou efeitos adversos e proteção para permanecer com saúde.

Muitas doenças acontecem porque, de alguma forma, quebramos o equilíbrio do corpo, isso nos deixa susceptíveis à invasão por diversos microorganismos capazes de utilizar o nosso “maquinário” para a sobrevivência deles: fungos, bactérias patogênicas, parasitas.

Imaginemos que o nosso corpo – todo ele, por dentro e por fora – seja coberto por uma fina película. Ela é chamada de pele quando está por fora e mucosa quando está por dentro.

Através de diversas “curvas” ela passa por nossos órgãos. Em alguns órgãos há ar, em outros há alimentos, etc. Este sistema é ligado por um inteligente “órgão” de defesa, o MALT – Tecido Linfóide Associado à Mucosa. Ele conecta a pele,  olhos, ouvidos, boca, laringe, vias respiratórias, esôfago, estômago, intestino, bexiga e trato urogenital – tudo conectado, como se fosse uma gigante “pele” única. 

Tanto por dentro quanto por fora do corpo – e deste sistema – existem microorganismos vivendo, usualmente de forma simbiótica, sem causar prejuízos a nenhum dos seres – a nós ou aos microorganismos. A eles chamamos: Flora Intestinal. Uma verdadeira “floresta” que nos cobre – e nos protege. 

O intestino é o lugar onde esta “floresta” é mais bem desenvolvida. Na verdade há mais bactérias dentro de nós do que células em nossos sistemas! A flora intestinal pesa algo em torno de 1kg, pouco menos que o fígado ou o cérebro. Ela forma um verdadeiro “filtro” sobre as microvilosidades intestinais, ajuda no processo digestivo e até produz algumas vitaminas (como a vitamina K que atua na coagulação e fortalece os ossos).

Se mantivermos a nossa flora equilibrada, ficaremos protegidos de doenças – essa é a hipótese.

Estudos indicam que a “Disbiose intestinal”, ou seja, o desequilíbrio da flora intestinal possibilita que toxinas entrem na corrente sanguínea, por translocação bacteriana (invasão), e posteriormente ocasionem lesão no fígado por uma cascata de citocinas inflamatórias (substâncias que amplificam a inflamação: TNF alfa, IL-1, IL-6, etc). Por outro lado, a própria lesão hepática resulta no desequilíbrio da flora intestinal por mecanismos como hipoalbuminemia, edema na parede intestinal e isso se torna um ciclo vicioso potencialmente fatal em indivíduos com a saúde comprometida.

Em indivíduos com boa saúde isto acontece em escala muito menor causando Esteatose Hepática Não Alcoólica, uma doença cada vez mais comum entre nós, entre outras doenças inflamatórias crônicas silenciosas.

A deterioração deste “ecossistema” intestinal ocorre de acordo com a nossa alimentação – açúcares, gorduras trans, toxinas alimentares, álcool, contaminação por metais pesados – dificultam a sobrevivência da flora, mas o abuso de antibióticos consegue dizimar uma grande parte dos microorganismos nativos e destrói o equilíbrio deste “ecossistema”.

A partir daí, mucosa em caos e “ecologia” em total desequilíbrio, fica muito mais fácil a instalação – ou cronificação – de doenças.

Os sintomas variam entre refluxo e má digestão, constipação ou diarréia, borborigmo, meteorismo, flatulência, sintomas respiratórios e até emagrecimento ou ganho excessivo de peso. Há diversas doenças associadas, inclusive doenças relacionadas ao desequilíbrio do sistema imunológico (MALT) como alergias (rinites, “sinusites”) “incuráveis”.

O organismo é “automático”, auto-regulável, inteligente. Nós precisamos aprender a entendê-lo e respeitá-lo. Para tanto, vale alimentar-se bem, beber água purificada e evitar o uso desnecessário de antibióticos.

Não se auto-medique com antibióticos!

Aconselhe-se com um bom médico quando precisar ou se estiver pretendendo tomar aquela fatídica “Amoxicilina”.

Preserve-se! O alimento que você consome pode ser também o seu veneno.

Observe-se. O seu corpo “fala” com você.

Ouça! A compreensão da fisiologia nos torna mais felizes e auto-suficientes.

Procure se conhecer melhor… e respire!

O oxigênio é indispensável para a nossa vida.

Fotos: Dra. Maria Emília Gadelha Serra – Otorrinolaringologia e Medicina biológica.